Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

Em 10 anos, Francisco, el Hombre foi das ruas aos festivais

Em entrevista a CartaCapital, fundador reflete sobre a jornada de uma década da banda e comenta o novo álbum comemorativo

Composta por Mateo Piracés Ugarte, Sebástian, Andrei Martinez Kozyreff, Helena Papini e Juliana Strassacapa, Francisco, el Hombre é uma voz poderosa na música contemporânea (Foto: Rodrigo Gianesi)

Apoie Siga-nos no

Em uma década de existência, Francisco, el Hombre foi do calor das ruas aos holofotes dos festivais, firmando posição como uma respeitada entidade na música independente.

A banda foi criada há dez anos por Mateo, uma das mentes criativas por trás do grupo, e seu irmão Sebástian. Hoje, é composta também por Andrei Martinez Kozyreff, Helena Papini e a vocalista Juliana Strassacapa.

O começo foi humilde: a banda se apresentava em esquinas, hostels e estabelecimentos de países vizinhos, às vezes recebendo apenas comida e hospedagem como pagamento.

“A gente foi descobrindo que conseguia viver disso”, reflete Mateo. Inicialmente, os membros estavam divididos em diferentes projetos, insatisfeitos e restritos aos bares subterrâneos. A união os levou a redefinir o que poderiam ser como artistas.

A jornada de Francisco, el Hombre, descrita como “uma viagem que acabou virando uma carreira”, evoluiu organicamente. Das ruas, eles passaram a palcos modestos, crescendo gradualmente até conquistar festivais. Esse trajeto levou quatro anos, culminando em um cenário que finalmente recompensa financeiramente os esforços do grupo.

A identidade musical da banda desafia categorizações tradicionais. Francisco, el Hombre se destaca por sua fusão única de estilos musicais, indo além das fronteiras brasileiras. “Muito produtor não sabia onde colocar a gente, porque não fazíamos nem rock nem MPB nem música latina”, lembra Mateo. A versatilidade tornou-se um trunfo.


Essa habilidade de conectar-se com o público remonta aos dias de tocar nas ruas, uma necessidade básica para sua sobrevivência. Mateo ressalta: “Se você não criar, a pessoa passa reto”.

A banda não só formou um público substancial na cena independente mas também abraçou uma postura política crítica, especialmente depois do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

O disco 10 Años, lançado em comemoração ao aniversário da banda, encapsula essa evolução. Com 16 faixas, o álbum reúne canções lançadas ao longo da década e reflete a energia brincalhona da banda.

Mateo elabora: “A gente improvisa, brinca muito no palco. Quando a gente vai para estrada, a música de 3 minutos vira de 10 minutos com um monte de brincadeira”. Essa abordagem conduziu à decisão de gravar um disco como uma performance ao vivo, eternizando essas versões únicas.

Apesar das tentativas de fazer música comercial, a banda reconhece que sua essência mora na  autenticidade, que ressoa profundamente com seu público.

Assista à entrevista completa de Mateo, da banda Francisco, el Hombre, para a CartaCapital:

?feature=oembed" frameborder="0" allowfullscreen> src="https://i.ytimg.com/vi/kZf1ghfbjrw/hqdefault.jpg" layout="fill" object-fit="cover" alt="MEIO ROCK, MEIO MPB, MEIO LATINIDADES | Entrevista com MATEO PIRACÉS-UGARTE, da FRANCISCO, EL HOMBRE">

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

 

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.